28/04/11

Interiormente – O paradigma agrícola

“Interiormente” um projecto da Federação Distrital da Guarda da Juventude Socialista que saúdo e que tenho tido o prazer de apoiar. Pensar o interior enquanto realidade política, social, económica e que olha o futuro de grande parte do país de forma objectiva é uma necessidade.

No contexto europeu ser do interior, não é sempre sinónimo de menos desenvolvimento. Contudo em Portugal nem sempre é assim. No nosso território não existe um, mas sim vários interiores. Os problemas de Santarém não são os mesmos de Portalegre, Guarda, ou de Bragança. Importa na procura de respostas para os problemas, olhar para a diversidade do mesmo interior, não o vendo como uma realidade única, onde a mesma fórmula resolve todos os problemas. Mesmo no conjunto da unidade que é o distrito de Santarém, não podemos comparar as realidades de concelhos como Mação, ou Cartaxo. São realidades diferentes, que obrigam a estratégias diferentes.

E é nos campos das repostas que devemos focar a nossa análise. Todos os concelhos e regiões do interior do país devem olhar para as suas vantagens competitivas no contexto de mercado internacional e globalizado em que vivemos. E é aí que tem estado a falha de muitos.

Não direi que agricultura é a única saída para o desenvolvimento do interior, mas é um caminho que procurarei nas próximas linhas defender.

O sector primário é um sector fundamental para o sucesso de um país, contudo infelizmente sempre foi olhado nos últimos 30 anos de forma negativa e sem dotarmos os investidores dos apoios necessários. Felizmente nos últimos anos, o paradigma mudou. Novamente a agricultura voltou a ser um dos pontos cruciais do investimento do país. Mas os erros da governação dos anos 80 demoram décadas a mudar. Necessitamos de uma nova forma de ver a “terra”. A agricultura pode e deve ter inovação e ser um sector de ponta, aproveitando o melhor que tem o sistema de Ensino Profissional e Superior em Portugal.

O sector primário é central no contexto do distrito de Santarém. Do sector vinícola, ao “tomate”, passando pela fruta e pela pecuária, muito deve o distrito a este sector muitas vezes abandonado pela “opinião pública”. Importa colocar investimento, recursos humanos e materiais para o sector, e é este o desafio dos concelhos do interior.

O Turismo é colocado por grande parte dos concelhos interior como âncora do investimento, muitas vezes de forma exagerada. O investimento em turismo é importante, mas os outros sectores não podem ser esquecidos, visto o mercado não ser ilimitado e ser um sector muito volátil em tempos de crise.

Defendo por isso, em consonância com o que tem sido as opiniões defendidas pela Juventude Socialista Distrital de Santarém / JS Ribatejo, uma aposta diferente no sector primário, que o torne potenciador do desenvolvimento de algumas regiões do interior. A actual crise económica e financeira demonstrou como muitos dos paradigmas e modelos estavam errados e deram uma importância crucial ao sector alimentar e de bens primários.

Urge por isso debater um novo paradigma agrícola, numa nova reforma da Política Agrícola Comum e um olhar novo sobre todo o sector, para não o vermos como sinal de passado, mas sim de futuro.


Hugo Costa
Presidente da Federação da JS de Santarém

Fonte: http://interiormente.org/?p=370

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