03/01/13

Retratos de um ano que passou




Neste momento em que um ano começa e outro acaba é tempo de balanço. Balanço que pode ser individual ou coletivo, profissional ou pessoal, mas como cada um melhor que ninguém falará do seu ano, eu falarei do ano coletivo que passou.

O ano de 2012 foi marcado pela promessa de um mundo melhor que não veio, o restabelecer da crise que apenas se agudizou. Um mundo de sonhos desfeitos, miséria e de incapacidade para responder à crise. Portugal viu a sua mais bem preparada geração de sempre sair aos milhares na busca de novos mundos e das oportunidades que este país fechou. Um Governo sem soluções e que convida os jovens a sair, não é um Governo de futuro para o país.

A emigração tal como nos anos de 1960 é uma realidade, uma realidade para quem quer fugir a um destino coletivo que parece caminhar para o naufrágio. Novos são os mundos, agora Angola, Inglaterra ou Brasil estão entre os principais países de acolhimento. Portugal, país de emigrantes e onde reinventamos muitos dos caminhos dos nossos antepassados. 

Existem alternativas? Certamente que sim, o mundo dos sonhos terá de ser possível a cada momento. A austeridade não é e nem pode ser a única solução, mas foi ela que agudizou o ano 2012. Com salários reduzidos, mais desemprego e menos oportunidades, muitos foram os que perderam a esperança e ficaram convertidos ao pensamento que tenta ser dominante, onde os portugueses estão a sofrer pelos erros que cometeram. E é nessa filosofia da “justiça moral” que encontramos pensamentos como o de Isabel Jonet, que marcaram negativamente o ano, os portugueses devem sofrer nessa lógica e a caridade é a única solução. Triste sina viver neste pensamento.

A nível internacional foi um ano muito importante. Obama continuou na presidência para desconforto dos conservadores que não aceitam as suas discussões sobre o serviço nacional de saúde ou do fim das armas. Mas Obama também é um sonho que passou. A sua força de mudança afinal manteve tudo na mesma. Sonho que também desaguou em tragédia na Primavera Árabe, como pudemos ver no caso da Síria, ou da violência no Egito ou na Líbia. Atrás do sonho existe uma realidade bem mais dura.
Quanto ao concelho de Tomar, continua infelizmente a piorar. Um concelho sem rumo, sem emprego, sem estratégia e onde tudo fecha. Em Tomar até os sonhos parecem difíceis de cumprir, mas como diz o poema “o sonho comanda a vida”.

Hugo Costa - Presidente da JS Ribatejo

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